Metodologias Ágeis: O que são e Como usá-las para Inovar na Indústria
Um dos grandes desafios para grandes corporações trabalharem com inovação aberta é entender que, para se conectar com outros players que promovem a inovação, é necessário conhecer algumas metodologias ágeis.
Conhecer as metodologias ágeis também significa gerar um ambiente propício a testes, mudanças rápidas de cenário e capacidade de adaptação.
Quando imaginamos um ambiente de trabalho de uma grande empresa tradicional, automaticamente pensamos em grandes estruturas hierárquicas.
Ou seja, divididas em grandes setores e áreas, onde os processos são bem definidos e estruturados, e, devido ao tamanho da operação, existe um grande nível de etapas e burocracias envolvidos no fluxo das informações e decisões.
Essa estrutura é de grande importância para que uma empresa de grande porte funcione, para que se tenha controle de todos os processos que acontecem ali.
Porém, quando essas grandes empresas decidem trabalhar com inovação, e mais precisamente com inovação aberta, é necessário uma abordagem diferente nos projetos envolvidos para que as chances de sucesso aumentem.
Trabalhar com inovação não é novidade para a maioria das grandes corporações, porém, o modo com que essas empresas encaram a inovação vem mudando nas últimas décadas.
Isso se deve à necessidade de tentar acompanhar a velocidade e o fluxo de inovação existente no mercado que já utilizam das metodologias ágeis.
As grandes empresas agora entendem que a abertura de alguns projetos e estratégias de inovação para o mercado não é uma má ideia, como parecia antigamente, e é desse pensamento que surge o conceito da inovação aberta.
O que é Inovação Aberta
No livro “Modelos de Negócios Abertos”, Chesbrough (2012) cita inovação aberta como:
"Abertura da empresa para o mercado, onde se adota tecnologias e ideias do ambiente externo, e permite que as ideias da própria empresa sejam utilizadas por outra organização, em um fluxo que ocorre de fora para dentro, e de dentro para fora."
Confira também nosso artigo 7 Livros sobre Inovação e beba na fonte de grandes mentores e empreendedores do ecossistema e da gestão de empresas.
Um dos maiores motivadores para a adoção de um novo modelo de inovação nas grandes empresas, saindo da inovação fechada e partindo para a inovação aberta, foi o compartilhamento dos custos e dos riscos da inovação com outras empresas.
Com tecnologias surgindo em uma velocidade cada vez maior (e algumas ainda com um alto custo de implementação) as empresas se veem na necessidade de fazer parcerias para compartilhar expertise, custos, tempo, entre outros fatores, com outras empresas para não ficarem em desvantagem no mercado.
A inovação aberta é um conceito que se aplica em diversos tipos de conexões entre organizações.
Porém, uma conexão promissora, e que será abordada neste artigo, é a inovação aberta em projetos provenientes da conexão entre grandes corporações e startups.
A conexão com startups para aprender e implementar metodologias ágeis
A conexão entre startups e grandes empresas possibilita um ambiente fértil para a inovação, onde os projetos podem ser testados de maneira ágil, com uma adoção de tecnologia mais rápida do que seria por caminhos tradicionais para as grandes empresas.
Essa experimentação em projetos com as startups, possibilita para a grande empresa entender se a adoção de uma nova tecnologia ou nova solução faz sentido, em um curto espaço de tempo e com um investimento reduzido.
Para as startups, os benefícios dessa conexão também podem ser de grande impacto em seus negócios, sendo uma oportunidade de desenvolvimento de produto centrada no cliente.
Além disso, têm a oportunidade de conhecer a expertise e experiência de mercado de uma grande empresa já consolidada no mercado.
Sabendo que, para aumentar as chances de sucessos, projetos de inovação proveniente desse tipo de conexão pedem uma abordagem rápida, com ciclos de execução curtos, e decisões praticamente em tempo real, o modelo de gestão mais indicado para esses projetos partem das metodologias ágeis.
O que são as Metodologias Ágeis
A origem do termo “ágil” para projetos, segundo Sutherland (2018) vem do seu livro “Scrum – A arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo”.
Foi em uma reunião em 2001, onde ele próprio e outros 16 líderes da área de desenvolvimento de software criaram o “Manifesto Ágil”.
Nessa ocasião, eles definiram que um projeto ágil deve responder às mudanças, colaborar com os clientes, ser funcional e focar mais nos indivíduos e interações ao invés de processos e ferramentas.
Essa filosofia criada no Manifesto Ágil vem sendo aplicada e adaptada desde então, dependendo das necessidades de cada projeto.
Como falamos anteriormente, projetos de inovação aberta precisam de agilidade, para criar um ambiente com uma maior taxa de sucesso.
Logo, os métodos ágeis proporcionam esse ambiente, mais do que os modelos tradicionais de gestão de projetos.
Esse tipo de pensamento e de filosofia, tornam as metodologias ágeis altamente indicadas para o acompanhamento de projetos de inovação aberta.
Metodologias ágeis aplicadas em projetos de inovação aberta
Com o claro desafio cultural à frente, as grandes corporações que se conectam com startups para projetos de inovação aberta encontram um ambiente diferente para execução de projetos.
Para que esse modo de trabalho seja melhor compreendido e assimilado pelos profissionais das indústrias, existem alguns métodos ágeis mais conhecidos e praticados entre empresas inovadoras.
que ajudam a entender a filosofia por trás desse conceito, e que vai guiar a gestão dos projetos de inovação.
- O conceito do Lean Startup, difundido por Eric Ries;
- O framework Scrum, criado por Jeff Sutherland e Ken Schwaber.
A Metodologia Ágil Lean Startup
O Lean Startup traz para o acompanhamento desses projetos a metodologia de Construir-Medir-Aprender.
Isso significa que, quando aplicada, permite que o desenvolvimento do projeto ocorra sempre de forma interativa e iterativa, se adaptando muito bem às necessidades de tomadas rápidas de decisão, desenvolvimento em ciclos, e absorção de rápidos aprendizados.
Mais do que um conceito para ser aplicado, os princípios do ciclo do Lean Startup devem acompanhar o projeto de ponta a ponta, garantindo que o modo de pensar da equipe envolvida seja ágil.
Para maior aprofundamento no Lean Startup, recomendamos a leitura do livro “A Startup Enxuta”, de Eric Ries.
A Metodologia Ágil Scrum
Já o framework Scrum, se baseia em 3 pilares:
- Adaptação > projeto deve ser ajustado sempre que necessário;
- Transparência > aspectos importantes do projeto devem estar sempre visíveis para todos;
- Inspeção > o progresso do projeto deve ser constantemente inspecionado e as variações devem ser detectadas rapidamente.
Essa metodologia ágil permite uma organização das atividades que serão feitas durante o projeto, de forma que sejam constantemente priorizadas e distribuídas em sprints (intervalos de trabalho estruturados em um curto espaço de tempo, geralmente de duas semanas).
Nesse caso, o time de desenvolvimento do projeto tem a possibilidade de adequar a velocidade da execução à capacidade da equipe, fazer entregas constantes, tomar decisões rápidas e se adaptar facilmente à mudanças solicitadas pelos clientes.
Artefatos e Cerimônias do Scrum
Para a organização, o Scrum utiliza artefatos e cerimônias como:
- Backlog do produto, que é uma lista de tarefas que vai alimentar o projeto de ponta a ponta e que teve origem na visão do cliente para aquele projeto;
- Backlog da Sprint, que são as atividades do backlog do produto que foram priorizados para a sprint em questão;
- Plannings – Reuniões de planejamento da sprint, que ocorrem no início de cada sprint, e a equipe de desenvolvimento entende e prioriza quais serão as tarefas executadas naquela sprint.
- Daily Meetings – Reuniões diárias, de acompanhamento das atividades, para verificar o andamento do backlog da sprint, se existe algum entrave, ou se alguém está precisando de alguma ajuda em alguma tarefa.
- Revisões que ocorrem ao final das sprints, e tem o objetivo analisar as entregas daquela sprint.
- Reuniões de retrospectiva, que também ocorrem ao final das sprints, e tem como objetivo identificar os pontos positivos e pontos de melhoria na equipe durante a execução das atividades.
Para um maior aprofundamento do Scrum, recomendamos a leitura do livro “Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo”, de Jeff Sutherland, um dos criadores do Scrum.
Nos projetos de inovação aberta acompanhados pelo FIEMG Lab, tanto no âmbito do Fundo de Prova de Conceito com as Indústrias do Futuro ligadas ao hub, quanto nos desafios do Challenge FIEMG Lab, os valores e princípios do Lean Startup e do Scrum são utilizados e adaptados ao contexto dos projetos e das conexões entre os protagonistas da inovação.
Os Mandamentos da Metodologia Ágil na Inovação Aberta
A execução ágil dos projetos do hub se sustenta em 8 principais mandamentos:
- Trabalho em ciclos curtos de execução;
- Diminuição das dependências externas;
- Foco maior em encantar o cliente que no cumprimento do escopo;
- Colaboração com o cliente durante a execução;
- Quebra de entregas maiores e complexas em entregas menores e parciais;
- Mentalidade de sempre antecipar a geração de valor;
- Quebra do pensamento linear e sequencial;
- Redução do custo da mudança e adaptação.
Para conhecer mais sobre o método de planejamento e metodologias ágeis de projetos de inovação aberta do FIEMG Lab, acesse o material exclusivo feito pelo nosso time no banner abaixo:
Bibliografia
CHESBROUGH, Henry – Modelos de negócios abertos: como prosperar no novo cenário da inovação; tradução: Raul Rubenich; revisão técnica: Jonas Cardona Venturini – Porto Alegre: Bookman, 2012.
SUTHERLAND, Jeff – Scrum: a arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo / Jeff Sutherland e J.J Sutherland; tradução: Nina Lua. 3.ed – Rio de Janeiro : LeYa, 2018.
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