FIEMG Lab acelera a sustentabilidade na produção industrial
A agricultura familiar é uma parte importante não apenas de nossa economia, mas também, de nossa cultura. Em Belo Horizonte, por exemplo, quase todos os moradores têm um tio, uma vó ou um primo que mora em alguma cidadezinha e que produz alimentos para consumo próprio e para a venda nas famosas ferinhas de fim de semana. Visitar esses parentes é sinônimo de mesa farta e porta-malas cheios de legumes e frutas frescas e sem agrotóxicos.
A relação dessas famílias com a terra é de sinergia e de cuidado, que vai do plantio à colheita. Entretanto, segundo o Censo Agro do IBGE, de 2017*, o número de famílias que se dedica ao cultivo da terra, vem diminuindo gradativamente. O número reduziu 9,5% em relação ao censo de 2006. Essa diminuição também foi observada no número de trabalhadores rurais, que perdeu um contingente de 2,2 milhões em todo o país.
Apesar desses números, as produções dessas famílias chegam, de maneira significativa, às nossas mesas. De acordo com o Censo Agro, em se tratando de culturas permanentes, o segmento é responsável por 48% do valor da produção de café e banana; nas culturas temporárias, são responsáveis por 80% do valor de produção da mandioca, 69% do abacaxi e 42% da produção do feijão. Toda essa produção provém de um espaço relativamente pequeno, se comparado às grandes commodities agrícolas de exportação: são 80,89 milhões de hectares, o equivalente a 23% da área agrícola total.
Se você está se perguntando qual a relação da indústria com esses pequenos produtores rurais, aí vai a resposta: está na inovação e na estruturação dos processos produtivos com foco no abastecimento de matéria-prima para o setor industrial.
A startup ManejeBem, selecionada pelo FIEMG Lab para fazer parte do seu ciclo de aceleração, é uma especialista nisso. Talvez a farinha de mandioca ou o chocolate que você está consumindo, neste momento, tenha sido fabricada com os insumos de alguma família de agricultores atendida pela empresa. Com o incentivo à produção sustentável, a solução despertou a atenção das indústrias que buscam matérias-primas com esse tipo de carimbo verde. “Por meio da nossa plataforma, é possível a captação de dados do campo, favorecendo o planejamento de ações e acompanhamento de impactos relacionados à sustentabilidade. Fazemos isso para que as indústrias tenham responsabilidade socioambiental junto aos pequenos produtores, garantindo renda e qualidade de vida”, conta Juliane Mendes Lemos Blainski, co-fundadora e CEO da ManejeBem.
A startup catarinense, que tem atuação no Maranhão, na Bahia, no Amazonas e em São Paulo, desenvolve soluções para que os agricultores tenham acesso à assistência técnica agrícola e a conteúdos de qualidade. “A ideia é que essas famílias se apoderem dessa atividade tão importante. Temos como compromisso ajudar na capacitação da agricultura familiar fazendo com que esses produtores sejam capazes de gerar renda, aumento da produção e desenvolvimento”, conta a CEO.
Blainski explica que a cada R$ 1 investido na solução ManejeBem, R$ 5 retornam para a comunidade de agricultores. Na plataforma desenvolvida pela startup, dados são levantados e, com essas informações em mãos, os agricultores conseguem pleitear melhorias como infraestrutura de estradas e maquinários. “Assim eles ficam mais fortes para conseguirem acessar o crédito rural e chamar a atenção para novos compradores de matéria-prima”, explica. Dessa maneira, os agricultores, além de produzirem para consumo próprio e para a venda nas feiras, também fornecem para as indústrias locais.
E como a valorização da agricultura familiar ajuda a preservar o planeta? Ações como as do ManejeBem melhoram a utilização dos recursos existentes, reduzem custos na produção de alimentos, geram um bônus com relação ao manejo agrícola e, assim, melhoram o solo e microclima. “Aumentando produtividade e renda começamos a mudar a chave de decisão do agricultor. Agricultor no vermelho não pensa no verde”, ressalta Blainski. “A ManejeBem tem nos ajudado bastante! Antes, não compensava plantar. Hoje temos esperança, temos mandioca de qualidade e compradores!”, conta Raimundo Nonato, agricultor familiar de Magalhães de Almeida, no estado do Maranhão.
A bióloga, especialista em Biotecnologia aplicada a agroindústria, explica que atualmente a ManejeBem está trabalhando com 19 comunidades. “Já verificamos o aumento de 300% na capacidade de atendimento de técnicos, o que reflete diretamente na disseminação de conhecimento para os agricultores”, conta, pontuando que os agricultores atendidos e capacitados conseguem utilizar melhor os recursos ambientais, cerca de 80% dos agricultores aumentaram o uso de práticas alternativas na produção e reduziram custos de produção, impactando positivamente o ambiente.
Empurrãozinho mineiro – A ManejeBem é uma das startups aceleradas pelo FIEMG Lab, hub que conecta startups industriais – as indtechs – com a indústria. “Participar do FIEMG Lab foi uma experiência surpreendente! Submetemos nossa solução com pouca esperança de sinergia com as indústrias, pois não atuamos diretamente nas atividades do setor produtivo, mas descobrimos que nossas soluções têm valor para que indústrias, além do setor agro, possam atingir seus índices de sustentabilidade e responsabilidade social/ambiental”, ressalta, esclarecendo que a startup irá começar as Provas de Conceitos (POCs) junto às indústrias madrinhas do FIEMG Lab ainda neste ano. “Estou bastante ansiosa por isso”, afirma.
Semana de Meio Ambiente da FIEMG – A FIEMG realiza, de 14 a 18/06, a Semana de Meio Ambiente da FIEMG. O evento, que é gratuito, terá especialistas do setor que debaterão temas como Economia Circular como fator de sustentabilidade, Papel das Empresas na Promoção da Sustentabilidade Corporativa (ESG), O dia da água na indústria “Alocação de água negociada”, Monitoramento da Qualidade do Ar no Estado de Minas Gerais e PL 3.729/2004 – Lei Geral do Licenciamento Ambiental e a Lei de Liberdade Econômica.
As inscrições estão abertas e podem ser feitas neste LINK O evento, 100% on-line, será realizado via plataforma Teams e o link de acesso será enviado após a inscrição.
Por Denise Lucas
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