Desafios e Aprendizados para Escalar Provas de Conceito na Indústria
Para disseminar informação e contribuir com o compartilhamento de experiência destacamos os pontos importantes da discussão sobre os Desafios de Escalar Provas de Conceito na Indústria.
Fazer inovação aberta com indústrias e startups é diferente e é difícil.
Portanto, sabendo dessas dificuldades diárias e, principalmente, da dificuldade de acesso à informação, criamos o INDTalks.
Este é um evento pensado dentro desse ecossistema para compartilhar as vivências da inovação na indústria.
COMO ESCALAR PROVAS DE CONCEITO ENTRE STARTUPS E INDÚSTRIAS
PoC significa “Prova de Conceito” (Proof of Concept) e é o nome que se dá à demonstração da possibilidade de validação de uma ideia (ou conceito).
Geralmente, segue um roteiro de testes para determinar critérios que serão validados durante sua prova.
Esse é um assunto que orbita constantemente nosso trabalho junto às indústrias e startups e você pode assistir ao vídeo do painel temático no nosso canal.
É só clicar abaixo e conferir o conteúdo completo:
O propósito do FIEMG Lab é acelerar o futuro da indústria e acreditamos que só iremos acelerar de fato esse futuro se estivermos juntos.
Na primeira edição do INDTalks, tivemos a presença de nomes de peso dentro do empreendedorismo e profissionais da indústria que vivem os desafios de escalar provas de conceito na indústria na pele diariamente, fazendo a inovação na prática.
Como escalar Provas de Conceito pela visão dos profissionais das indústrias
Edvar Spadette Junior é um dos fundadores da Tagna – startup que trabalha junto à grandes indústrias para resolver desafios do setor produtivo e impulsionar a inovação no negócio – ele é responsável pela área comercial e de marketing e traz para o painel os grandes desafios de encontrar soluções diferentes e inovadoras para atender às demandas da indústria.
Éricka Menegaz representa a Usiminas – indústria que sempre esteve à frente do seu tempo na busca por inovação, pesquisa e desenvolvimento na área de tecnologia e vem fomentando essa aproximação junto às startups para acelerar a transformação e a escala de resultados. Uma das startups que atendem às demandas da Usiminas é a Sirros IOT.
“Justamente o que aconteceu com a Usiminas e a Sirros IOT é o ‘match’ inicial que nos trouxe segurança para essa parceria, nós tínhamos alguns desafios e a Sirros IOT mostrou a solução mais interessante e mais maturidade para o relacionamento. Ela conseguiu ser clara e objetiva no processo de como trabalhar no novo processo desde o piloto até a escala.”
Diego Schlindwein é um dos fundadores da Sirros IoT – startup especializada em desenvolvimento de soluções IoT: BI para empresas, automação industrial e ERP em nuvem para a indústria 4.0 – ele compartilha sobre as experiências de processos que vêm desenvolvendo por meio de pocs com indústrias com as quais atuam.
Ramon Resende é o representante da RHI Magnesita – empresa líder no mercado de refratários e soluções para processos em altas temperaturas. Ele é responsável por levar e desenvolver soluções digitais dentro da indústria. Trabalham em parceria com a Tagna e têm obtido muito sucesso na prova de conceito que estão realizando em conjunto.
“Qualquer prova de conceito feita dentro da RHI Magnesita é um aprendizado pro time da empresa, porque essas pessoas estão acostumadas a tratar com grandes parceiros tecnológicos e grandes empresas de engenharia […] Junto à Tagna elas aprendem a desenvolver soluções de forma mais efetiva, usando novas metodologias e frameworks com o mindset do agilismo.”
Por que é tão difícil escalar provas de conceito na indústria?
Existem dois tipos de escala de solução na indústria.
De fato, quando você tem uma solução de software (modelo SAAS) é mais simples de escalar porque ela é mais plug and play.
Entretanto, quando se fala da indústria do chão de fábrica, algumas variáveis tornam mais complexa a escala.
O que complica é que você tem que instalar equipamentos e, enquanto estamos em fase de teste, a indústria consegue aderir a algumas mudanças e processos, porque precisamos validar se aquela ideia vai realmente funcionar.
Mas para escalar você precisa de um projeto mais elaborado, então também precisa de maior investimento, é nesse momento que entra a gestão cultural interna na indústria.
Em um ambiente industrial você tem muitas demandas e muitas teses sendo testadas.
Por isso, existe uma preocupação maior em dar prioridade à ações que trarão retorno à empresa, não apenas numérico, mas intangível, como diminuição de riscos operacionais e bem estar.
Logo, em escalas de POC que, após medidas e provadas, soluções que estão inerentes aos valores da empresa vão ter prioridade de recursos.
Entretanto, quando ocorre de não conseguir provar por números podemos usar o contra argumento de que não ter essa solução pode trazer mais riscos.
É provar pelo contrário quando não se consegue provar numericamente para um setor tradicional de cultural enrijecida que não ter aquela solução tratá piores resultados a longo prazo.
Aspectos culturais são importantes!
O aspecto cultural mencionado é um dos principais fatores que dificultam a relação das indústrias com a inovação e a transformação.
Quando você pega uma prova de conceito que já deu resultado financeiro e ela é autossustentável, é muito mais fácil usar esse resultado para escalar a prova de conceito, esse é o melhor cenário.
Porém, há provas de conceito que trarão resultados intangíveis e fica difícil de mostrar um resultado consistente em um curto prazo de tempo.
Você precisa buscar outros indicadores que justifiquem a validação da hipótese para escalar e ter ganhos.
Outro ponto é quando caem as situações de contorno da proposta de solução.
Enquanto uma prova de conceito está interna o controle é maior, mas quando a POC é colocada no mundo real ocorrerão muitas variáveis e obstáculos reais, que não tinham sido imaginados anteriormente.
Então, é preciso um cuidado maior para mitigar ou impedir esses fatores para que eles não impeçam a escala da POC, porque do contrário, ela não terá tempo nem fôlego para ser escalada.
Uma forma de incentivar a cultura da inovação é promover eventos para trazer palestrantes da área para fomentar essa mentalidade.
Outra iniciativa é trazer startups “Quick Wins” – assim a indústria consegue fazer uma vitória rápida pra mostrar resultados e com isso destravar orçamentos futuros e mostrar para outras áreas o potencial da inovação.
Assim, automaticamente, os outros polos passam a procurar por essas soluções também e aceitar mais facilmente a imersão na mentalidade de inovação aberta e tecnologia.
Um formato muito incentivado e que já tratamos um pouco no artigo anterior – Os 9 Caminhos na Busca da Inovação na Indústria – é incentivar o intraempreendedorismo e criar um programas de premiação aos intraempreendedores.
Cultura e gestão na visão das Startups
Tente sempre enxergar o cenário da indústria com empatia e humanização, isso contribui para enxergar melhor o problema que as pessoas enfrentam no dia a dia.
Essa é a diferenciação do relacionamento entre startups e indústrias e nesse contexto ambas aprendem entre si.
Sempre focar no problema e não no produto em si.
O que gera bastante vantagem nessa relação é a inserção da flexibilidade, que promove a diferenciação no progresso do projeto.
Como escalar provas de conceito na ótica das Startups
Um aspecto importante é sobre a própria indústria, afinal, é um ambiente diferente que exige um nível de maturidade maior, principalmente quando envolve mudanças físicas.
Entrar em um parque industrial para mexer em uma máquina tem toda questão de segurança do trabalho, EPI, responsáveis pelo TI, pela manutenção, pela instalação, sistema de marcação de horários e cadastros.
O processo envolve mais pessoas, etapas e setores dentro da indústria.
Para uma startup é difícil migrar suas soluções para outro setor e são poucas [startups] que atendem o setor industrial com eficácia por causa do nível de maturidade.
Algo que se pode fazer desde o início é alinhar esse nível e ter capacidade de processos muito bem definidos para levar a solução adequada para a indústria.
Outro fator é a questão do choque de cultura, de metodologias ágeis e entrega por etapas e agilizado.
3 Desafios (ou dificuldades) para Escalar PoCs:
Um ponto muito positivo dessa relação que sentimos com nossos clientes é que o cliente absorve esse conceito de inovação e agilidade com interesse a ponto de levar essa mentalidade a outros setores dentro da indústria.
Em paralelo a isso, a startup também absorvemos o aprendizado da expectativa das indústrias que ajuda a levar essa dinâmica para outras indústrias que ainda não desenvolveram essas hard skills e mantém o escopo mais tradicional como grandes siderúrgicas e mineradoras.
Um terceiro ponto é que quando se fala de digitalização de um processo é que o valor daquela solução não é percebida em números à primeira vista.
Isso faz com que a indústria que ainda não inseriu a cultura de inovação ache que a solução proposta está provocando gastos e não possui uma estratégia de lucro, sem perceber os ganhos intangíveis como ativos da empresa.
Por isso, é muito importante para indústrias e startups construirem a POC já pensando nas KPI’s desde o início. Esses são os 3 pilares da dificuldade de se escalar Provas de Conceito na indústria.
Pontos críticos que dificultam essa escalada é a gestão da cultura de inovação dentro da indústria, tendo essa uma grande responsabilidade por parte dos gestores e diretores do setor de “patrocinar” a ideia de inovação na indústria para ter uma equipe engajada na transformação.
Além disso, deve partir da startup um nível mínimo de conhecimento de causa, ou seja, conhecer bem a indústria.
Para conseguir escalar uma PoC tem que entregar resultado, ainda que este seja intangível e desde o início definir muito bem as regras do jogo e a meta da Prova de Conceito.
É muito importante a startup também compreender a realidade da indústria, estar preparada para um projeto maduro e que vai entregar uma solução, do contrário tanto a POC quanto o roll out vão por água abaixo.
A solução criada também deve ser adaptável para atender novos desafios dentro da indústria.
Critérios fundamentais para evoluir produtos na indústria
Não é possível começar na indústria com um MVP (produto mínimo viável), você precisa ter um produto já testado e validado, porque levar uma variável para dentro do processo de uma indústria é delicado e pode ser perigoso para as pessoas.
O produto tem que estar maduro, bem definido e englobar um plano para execução de um produto final.
3 áreas que exigem maturidade para escalar provas de conceito
A primeira é a parte virtual do produto, um software precisa ter um profissional muito competente que consiga compreender o sistema e se comunicar com a linguagem da indústria.
Isso é importante para estabelecer padrões de usabilidade de acordo com a demanda industrial, sem colocar em risco todo processo interno de produção e infraestrutura e de cibersegurança.
A segunda é a segurança física do sistema, porque demanda profissionais que entendem de segurança de trabalho e engenharias de produção e outros setores a depender da indústria atendida.
Se você tem uma equipe que abarca todos os fatores de atenção dentro da indústria isso faz com que a credibilidade na sua entrega seja maior aos olhos da indústria, uma vez que a segurança das pessoas estarão sob cuidados de um profissional que entende a área.
A terceira é o produto, se você precisa fazer um MVP talvez não seja o nível nem o setor adequado para se testar um MVP.
É melhor ter um produto mais amadurecido e validado ou fazer um acordo do perfil do produto desde o início com transparência junto à indústria para se adequar o ambiente onde seu produto será testado e então, rodar em outros setores mais complexos conforme se alcança sua validação em situações mais simples.
Entender a complexidade da indústria
É importante ter mais maturidade porque as startups precisam conversar no mesmo nível para que o setor de inovação se sinta confortável em apoiar a tecnologia dentro da indústria.
A conversa transparente e aberta é importante para definir as expectativas até dentro do piloto da PoC.
Entender a complexidade de funcionamento da indústria pode não somente aprimorar a proposta de maturidade da solução da startup como também evitar frustrações e riscos à saúde ou à vida dos funcionários.
A indústria quer implementar uma cultura de experimentação, de reconhecer erros, porém isso tem um limite: a indústria não pode parar e não pode colocar as pessoas em risco.
A solução que uma startup traz já é produto da startup, a implementação dela na indústria nasce como uma poc e, se bem sucedida, ela se torna um piloto ou um MVP, e depois vem o desafio da escala.
Essas condições de contorno – critérios inegociáveis – para a POC ser bem sucedida estão ali para determinar as regras do jogo, no caso da indústria: sem risco, sem perdas e que forneça aprendizado.
É importante a indústria, desde o início do desenvolvimento de uma prova de conceito, incentivar a participação do time do setor que será aplicado a PoC para que a comunicação seja assertiva junto à startup.
Assim, os desafios serão melhor esclarecidos e evitamos a perda de recurso em uma solução que não atende ou não está madura para aquele momento.
Quais são os critérios para definir uma PoC que escala?
O grande critério é ter algum tipo de benefício mensurável, sem ser necessariamente financeiro, pode ser de redução de risco, redução de consumo, etc.
Quando você não consegue estabelecer esse ganho vai ser necessário ter mais rodadas de convencimento do sponsor junto à gerência para investir em provas de conceito.
A inovação precisa ter uma posição estratégica quando o valor obtido não é um retorno financeiro, ou seja, o quanto essa PoC vai agregar ao negócio como um todo.
Além disso, como o próprio nome já diz é uma prova de conceito, ou seja, qual o conceito você quer provar na sua indústria?Quais as hipóteses foram levantadas que precisam ser investigadas e validadas ou invalidadas pela POC?
Por exemplo: Isso vai aumentar a nossa segurança operacional através dos indicadores X.
Se mantenha focado na pergunta a ser respondida e no problema que a indústria enfrenta.
E então, se estiver complexo justificar o investimento da POC através de indicadores financeiros, uma saída é buscar outros indicadores ou indicadores potenciais que permitam essa aquisição da POC.
Se caso a Prova de Conceito falhar... O que pode ser feito?
É importante dar espaço à flexibilidade.
Enquanto estamos construindo provas de conceito estamos aprendendo com dados e critérios o que não está dando certo e de que forma poderíamos reverter o desenvolvimento para se chegar no resultado.
Ao final de tudo, se todas as perspectivas foram exploradas e nenhuma se mostrou efetiva, não damos continuidade naquela ação, mas até chegar a esse ponto, tentamos até dar certo.
Além disso, também precisamos atentar em criar uma documentação em relatório sobre o que o time identificou que está dando errado.
Então, procure documentar tudo enquanto se realiza a validação da POC e assim podemos visualizar possíveis iniciativas que podem ser testadas dentro da mesma solução.
Para minimizar falhas em gerar resultados, estabelecemos duas linhas: uma linha é criar uma lista de pré-requisitos antes de começar, selecionando informações que foram citadas lá no início como qual problema será resolvido, qual setor e pessoas estarão envolvidas, etc.
Outro ponto é definir o limite de alcance potencial para seguir em frente nas etapas do desenvolvimento – montar uma matriz de risco antes de passar para a próxima etapa.
Dessa forma, podemos calcular ao longo de cada etapa se os dados obtidos estão dentro do limite potencial para que o risco seja minimizado, os benefícios de retorno sejam mais claros e os critérios de validação se mantenham dentro do escopo do projeto.
Reforçando a importância da flexibilidade: a questão aqui não apenas é apenas errar e aprender com o erro, mas de entender que o ambiente pode apontar outras oportunidades.
A solução pode atender àquela demanda mais rapidamente, assim escolhemos pivotar para esse novo desafio e continuamos medindo os resultados, isso pode fazer que uma POC se torne mais longa, mas oferece mais benefícios e maior competitividade para a indústria.
Se ainda assim a POC não se mostrou benéfica, é preciso reavaliar o formato de validação e mensurar melhor os critérios para descobrir se a solução é aderente para a indústria e o problema aderente para o desenvolvimento da startup.
Mensurar é importante porque quanto mais conhecimento estiver registrado melhor para se chegar nas metas.
Portanto, defina bem qual sua POC e para escalar o que ela irá trazer como benefício, você precisa mostrar isso de forma clara para justificar o investimento.
E tenha muita clareza sobre o problema que você quer resolver desde o início.
A importância do Facilitador entre Startups e Indústrias para a comunicação e alinhamento das Provas de Conceito
Somos o hub de inovação aberta para a indústria com startups industriais – as indtechs. Diariamente, vivenciamos ao lado de indústrias e startups as dores e os amores dessa relação.
Inovar dentro da indústria é muito difícil e burocrático, então ter o apoio certo para mostrar como se faz inovação aberta e ter acesso às startups selecionadas que já atuam no setor da sua indústria é o diferencial para tornar a jornada da transformação menos dolorosa e mais ágil.
Por isso o FIEMG Lab atua como hub de inovação aberta entre indústrias e startups, porque acreditamos que através do apoio, do conhecimento e dos programas de aceleração conseguimos incentivar a economia criativa e implementar as mudanças de mindset necessárias para acelerar o futuro da indústria!
Para apoiar esse ecossistema da inovação aberta, criamos um playbook com foco no planejamento e estratégia de escolha de provas de conceito.
Clique na imagem abaixo e acesso nosso material.
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